Devo calejar minhas mãos? Devo calejar minhas costelas?
Esse vídeo gerou uma imensa polêmica na comunidade do boxe. Se ainda não assistiu ao vídeo acima, recomendo que pare aqui e o assista para que possamos prosseguir neste artigo de forma que possa compreendê-lo melhor.
Por: Ricardo Serravalle Guimarães.
(Diretor da Universidade do Boxe. Professor de Educação Física, Treinador de Boxe Internacional de Primeira Linha. Diretor Técnico Internacional da ANIB - Espanha)
Primeiramente quero destacar que tudo que foi tratado no vídeo versa sobre comprovações científicas sobre o assunto, assim como experimentação empírica relacionado a prática desportiva e do aumento da densidade óssea e fortalecimento nas partes mais exigidas por atletas que praticam o boxe e outros esportes de combate.
O boxe é uma atividade a qual o tempo de atividade profissional gira em torno nos 10 a 15 anos e uma grave lesão na mão pode afastar completamente um atleta de sua carreira profissional ou ainda durante o tratamento de uma lesão fazer perder uma oportunidade única, a exemplo de uma disputa de um título.
A grande maioria dos atletas profissionais de boxe sofrem ou já sofreram com inúmeras lesões em suas mãos a exemplo de dois dos mais conhecidos boxeadores da atualidade como Manny Pacquiao e Floyd Mayweather. O boxe é um esporte muito popular e a grande maioria dos lutadores, salvo raras exceções, são provenientes de origem humilde e infelizmente, muitos não tiveram o aporte suficientes de vitaminas e minerais durante suas fases de desenvolvimento (vide os grandes problemas sofridos pelo grande Carlos Mónzon), atletas esses que de acordo com as Leis de Wolff e Davis poderiam ser beneficiados por um trabalho de remodelação forçada.
A grande maioria das lesões nas mãos dos atletas se dão em combates profissionais, quando ao utilizar luvas menores (que podem variar entre 8 e 10 onças) as mãos ficam mais desprotegidas que durante a fase de treinamento específica, onde, geralmente se utilizam luvas maiores (geralmente entre 14 e 16 onças).
A maioria das fraturas são nos metacarpos, principalmente quando se atinge regiões mais duras do corpo humano como a porção frontal da cabeça (a curva entre o final da testa e o ínicio da parte superior da cabeça) e os cotovelos.
O primeiro estudo sobre o assunto foi inicialmente realizado pelo anatomista alemão e cirurgião Julius Wolff (Lei de Wolff – adaptação funcional do osso) e este conceito ainda é amplamente aceito pela comunidade cientifica (Rosa et al., 2015).
Resumo da Lei de Wolff:
Uma lei que afirma que a densidade óssea muda em resposta às mudanças nas forças funcionais do osso. Wolff (1836-1902) propôs que as mudanças na forma e função dos ossos, ou apenas mudanças na função, são seguidas por mudanças na estrutura interna e na forma do osso de acordo com as leis matemáticas. Assim, no osso maduro, onde a forma geral é estabelecida, os elementos ósseos são posicionados ou deslocados e sua massa diminui ou aumenta, em resposta às demandas mecânicas colocadas sobre eles. A teoria é sustentada pela observação de que os ossos se atrofiam quando não são submetidos a estresse mecânico e hipertrofia quando são submetidos a estresse. Embora a proposta de Wolff se refira especificamente ao osso, a lei também se aplica a outros tecidos conjuntivos, como ligamentos e tendões.
Sabe-se que o treinamento físico gera estímulos para aumentar a captação de cálcio pelos osteoblastos. Assim, pela deformação óssea e pela lei de Wolff, ocorre aumento da densidade mineral óssea com a realização de exercícios (Sasso et al., 2011).
Também é certo que foi o cientista francês Roux quem primeiro usou o termo "adaptação funcional" para descrever a maneira como o esqueleto foi otimizado para suas funções, apesar de muitos atribuírem isso a Wolff.
Devido a formação de dipolos elétricos, a pressão no osso produzir uma polarização elétrica que, por sua vez, estimula a formação óssea pelos osteoblastos. Desse modo, minerais (principalmente o cálcio) são depositados na parte óssea que está sofrendo a pressão. Acredita-se que por esse mecanismo, o efeito piezoelétrico pode aumentar a densidade óssea, levando a aceleração da recuperação e/ou remodelação óssea (Rajabi et al., 2015).
No vídeo acima, objeto da polêmica, também é feita referência a remodelação óssea (calejamento) das costelas e ao qual também fui duramente criticado, apesar de que todas as críticas foram realizadas sem algum fundamento teórico científico e nenhum dos críticos se apresentou como algum experto no assunto.
O boxeador Teófimo López fazendo uso da Lei da remodelação forçada.
Como é citado com ênfase no vídeo, a remodelação forçada não é para todos, sequer para todos os profissionais do boxe já que existem contra-indicações severas e os que ainda assim optam por realizá-las tem que estar cientes dos efeitos colaterais e possíveis patologias que podem surgir cedo ou tarde advindos da atividade de remodelação forçosa realizada sem o acompanhamento de um profissional, como surgimento precoce de processo como artroses, deformidades, perda de sensibilidade, fraturas por estresse, inflamações tendinosas, articulares, etc.
Também é importante ressaltar parte do vídeo onde se afirma que o processo de remodelação óssea, tecido conjuntivo, ligamentos e tendões, não deve ser realizado quando o indivíduo está no processo de maduração óssea, até os seus 21 anos de idade devido a que seus ossos ainda nao estão maduros (ainda existe cartilagem) e a remodelação óssea pode trazer graves patologias e deformação e até atrofia.
Corroborando com os estudos de Julios Wolff, o cirurgião ortopédico americano Henry Gassett Davis, conhecido por seu trabalho no desenvolvimento de métodos de tração lança o seu próprio artigo que mais tarde deu origem a sua própria Lei, a Lei de Davis, na qual prova que através de um princípio fisiológico não apenas os ossos cicatrizam de acordo com a forma como são mecanicamente estressados, mas também os tecidos conjuntivos fibrosos colágenos, como ligamentos, tendões e fáscias.
“Ligamentos, ou qualquer tecido mole, quando submetido a um grau de tensão mesmo moderado, se essa tensão for incessante, será alongado com a adição de novo material; pelo contrário, quando os ligamentos, ou melhor, os tecidos moles, permanecem em estado ininterruptamente soltos ou frouxos, vão encurtando gradativamente, à medida que o material deteriorado é removido, até que mantenham a mesma relação com as estruturas ósseas às quais estão unidos que tinham antes do encurtamento. material para manter um músculo ou ligamento em seu comprimento original quando a distância entre seus pontos de origem e inserção é encurtada por um tempo considerável, sem interrupção. "
Mecanostato é um termo que descreve como a carga mecânica influencia a estrutura óssea, alterando a massa (quantidade de osso) e arquitetura (sua disposição) para fornecer uma estrutura que resiste a cargas típicas com uma quantidade econômica de material . Como as mudanças no esqueleto são alcançadas através dos processos de formação (crescimento ósseo) e reabsorção (perda óssea), o mecanostato modela o efeito das influências sobre o esqueleto desses processos, através de suas células efetoras, osteócitos, osteoblastos e osteoclastos. Esse termo mecanostato foi inventado por Harold Frost, um cirurgião ortopédico e pesquisador, e é amplamente descrito em artigos que se referem ao paradigma da fisiologia esquelética de Utah de Frost e Webster Jee na década de 1960.
De acordo com o princípio do mecanostato:
"o crescimento e a perda óssea são estimulados pela deformação elástica mecânica local do osso. A razão para a deformação elástica do osso são as forças máximas causadas pelos músculos (por exemplo, mensuráveis por digitação). A adaptação (loop de controle de feedback) do osso de acordo com as forças máximas é considerada um processo para toda a vida. Portanto, o osso adapta suas propriedades mecânicas de acordo com a função mecânica necessária: massa óssea, geometria óssea e, portanto, a resistência óssea (ver também Índice de tensão-deformação, SSI) é adaptado de acordo com o uso / necessidades diárias."
O argumento do vídeo apresentado versa sobre a possibilidade de fortalecimento das mãos e costelas através da remodelação óssea, tecidos conjuntivos fibrosos colágenos, como ligamentos, tendões e fáscias para o lutador profissional de boxe, maior de 21 anos e mediante conhecimento e aceitação prévia dos seus riscos e possíveis efeitos colaterais as quais sugiro no vídeo algumas maneiras, quais são:
1) Diminuir gradativamente (em um processo de 2 a 3 anos) o excesso de bandagem e proteção das mãos ao bater no saco de boxe (com recheio de tecido).
2) Diminuir gradativamente as onças da luva de boxe ao qual está batendo no saco de boxe (com recheio de tecido).
3) Realizar exercícios de apoio com a mão fechada em um solo macio (exemplo de tatame), apoiado sobre os segundos e terceiros metacarpos.
4) Dar socos (bem encaixados) em um balde cheio de areia.
5) Quando já estiver sentindo comodidade nos exercícios anteriores começar a fazer sessões de saco de pancada com as mãos sem bandagens ou luvas, inicialmente sem ainda utilizar força (respeitando o processo adaptativo e o tempo necessário para a remodelação).
6) Em um processo que pode durar entre 2 e 3 anos a depender da quantidade de treinos realizados e tempo dedicado o individuo já poderia fazer sessões batendo em um saco de pancada de areia e aumentando gradativamente a força.
7) No um processo avançado já poderia fazer apoios em superfícies mais rígidas.
* Importante ressaltar que essas recomendações foram realizadas de forma superficial e que se tem que estudar diversas variantes como idade, tempo de treino, objetivos profissionais, etc. Além de que esse tipo de processo, inicialmente, não deve ser realizado todos os dias, tem que se dar um período de recuperação para readaptação e cicatrização dos tecidos, esse trabalho pode ser realizado inicialmente até duas vezes na semana.
Ressalto também minha própria experiência empírica de 32 anos dedicados ao boxe, as artes marciais e esportes de combate aos quais, desde sempre, realizei processos de remodelação (calejamento) com o devido acompanhamento e precaução e que atualmente nos idos dos meus 44 anos de idade, sofri apenas uma única lesão grave na mão advinda de um erro de um golpe ao qual em um evento de Vale-Tudo sem luvas acertei um cruzado no maxilar do meu adversário (erroneamente batendo com o quinto metacarpo da mãos, o que sabemos que é errado, já devemos bater com o segundo e terceiro metacarpos) ocasionando o que se conhece vulgarmente como "fratura de boxer". Fora essa fratura ocasionada por erro técnico, em todos esses anos competindo e treinando (seguindo minha metodologia acima exposta) jamais sofri nenhuma outra lesão nas mãos.
Mesmo tendo em vista os estudos científicos acima relatados, minha própria experiência empírica e de tantos treinadores que passaram por minha vida, como pesquisador e dada tamanha polêmica gerada resolvi consultar um médico especialista em mãos e atleta, faixa preta de Jiu-Jitsu, Dr. Enilton Mattos.
Dr. Enilton informa do conhecimento das Leis acima citadas nesse artigo e confirmou que de fato, apesar de antigas, ainda hoje são referências científicas válidas no meio médico, informa que na escala chamada de "hierarquia de evidencias científicas" a opinião pessoal do especialista está no menor grau de importância e que toda a pesquisa deve ser baseada em dados da literatura e, apesar da comprovação das leis de remodelagem óssea, tecidos conjuntivos fibrosos colágenos, como ligamentos, tendões e fáscias, em relação especificamente ao boxe, não foi encontrado nenhum dado em que comprove que boxeadores que praticam o calejamento forçado nas mãos tenham menos lesões do que os que não fazem, segundo ele, simplesmente não existem evidências científicas a respeito e por esse fato,
"recomendo que os boxeadores continuem protegendo as suas mãos e que o processo de remodelação se dará no dia a dia dos treinamentos, de maneira natural".
Dr. Enilton Mattos, informa que de acordo com um trabalho recente realizado em atletas de MMA (Mixed Martial Arts) com luvas entre 4 e 10 onças e que toma por referência outras modalidade de luta como karatê e boxe aponta que o índice de lesões nas mãos nessas duas modalidade são muito similares, apesar de que o estudo não faz referência a qual tipo de karatê foi analizado no estudo já que existem muitos tipos aos quais, em sua maioria, em combates não se utiliza 100 por cento da força no golpes de mãos (são lutas definidas exclusivamente por pontos) ou ainda também se utilizam luvas de proteção ou quando não existem luvas se proíbem socos no rosto, assim que são estudos de difícil parâmetro para que se ter uma maior clareza a cerca do assunto.
CONCLUSÃO
Está cientificamente comprovado pelas leis de Wolff e Davis que através do processo de mecanostato tanto os ossos como, tecidos conjuntivos fibrosos colágenos como ligamentos, tendões e fáscias sofrem uma remodelagem óssea devido aos micro impactos causados por uma determinada atividade.
Segundo pesquisas e depoimento do médico, especialista em mãos Dr. Enilton Mattos, apesar da veracidade das Leis acima expostas, não existe algum objeto de estudo científico que seja claro e determinante em relação especificamente ao boxe.
Também não existem estudos científicos que indiquem quanto tempo leva um processo natural de remodelação devido a microtraumas para um atleta de boxe que protege as mãos durante seus treinamentos de acordo com os parâmetros atuais de segurança.
O boxe é uma atividade a qual o tempo de atividade profissional muito curta e uma grave lesão pode afastar completamente um atleta de sua carreira profissional ou ainda perder uma oportunidade única, a exemplo de uma disputa de um título.
Tem que se levar em conta também em qual idade o indivíduo iniciou a prática do boxe e como foi esse processo de remodelação natural e seus objetivos para determinar se um ou outro indivíduo poderia se submeter ao método de remodelação forçada por mim proposta.
No processo natural, quanto tempo vai demorar até que no dia a dia dos treinos o corpo esteja remodelado? Não existem estudos científicos, assim que é uma incógnita e depende de diversos fatores, como quantas vezes na semana o indivíduo treina, qual a metodologia de treino, tipos de enchimento de saco, números de sessões de saco, onças das luvas, quantidade de ataduras, sparring, etc.
A grande maioria dos atletas profissionais de boxe sofrem ou já sofreram com inúmeras lesões em suas mãos. O boxe é um onde a grande maioria dos lutadores, salvo raras exceções, são provenientes de origem humilde e muitos não tiveram o aporte suficientes de vitaminas e minerais durante suas fases de desenvolvimento, atletas esses que de acordo com as Leis de Wolff e Davis poderiam ser beneficiados por um trabalho de remodelação forçada.
Não existem estudos voltados exclusivamente para o boxe, porém está comprovado cientificamente os benefícios da remodelação óssea e de tecidos conjuntivos fibrosos colágenos, como ligamentos, tendões e fáscias, assim que o processo de "calejamento" existe e não deve ser simplesmente ignorado ou motivo de chacota pela comunidade do boxe.
A grande questão é: vale a pena ou não vale a pena?
A resposta vai depender da história e dos objetivos de cada indivíduo.
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